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Por Ana Paula Kwitko

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Botifarra e farinha de mandioca: uma reunion cumbre



Primeiro, leitora, uma breve explicação sobre os termos do titulo.
Botifarra - É um embutido típico da culinária da Catalunha, na Espanha. É preparado com carne de porco fresca e com uma grande quantidade de pimenta, assim como outras especiarias. 
Reunión cumbre - Cumbre é sinônimo de cúpula: ou seja: reunión de cúpula o encuentro de cúpula, reunión de alto nivel o encuentro de alto nível. Para a leitora apressada, atrasada para a manicure, é cúpula, não cópula. Reunión de cópula é suruba. Não confundir, please....
Farinha de mandioca - é farinha de mandioca mesmo. Essa explicação é necessária caso haja mais de um leitor, e que, vá lá, ele(a) seja espanhol(a)..... Nunca se sabe! Milagres acontecem onde menos se espera que ocorram. A propósito, lembro um dia em Passo Fundo, na hora da Ave Maria, 6 da tarde, os sinos da catedral tocando, e o padre iniciando a missa, e exatamente naquele momento, nem um segundo antes, nem um depois, os sinos milagrosamente pararam.

Agora voltando ao tema central...

Se a botifarra é da Catalunha, a mandioca é da América do Sul. Tem muitos nomes:  aipim, macaxeira. E sua origem está cercada de lendas. Uma delas: Entre os bacairis a lenda conta de um veado que salvara o bagadu (peixe da família Practocephalus) que para recompensá-lo deu-lhe mudas da mandioca que tinha ocultas sob o leito do rio. 
Para mim isso é coisa de veado. Só um veado para salvar o bagadu que lhe passou a mandioca.

Seja o que for a reunión cumbre se deve ao fato de que botifarra e farinha de mandioca representam a união de duas culturas, que originalmente se mantiveram como de denominador / denominado (esse ultimo, o das américas, se é que fui claro).

Hoje podemos celebrar essa união e pensar. Inclusive cada um pode pensar o que quiser. Não é legal? Total liberdade de pensamento, proporcionada pela botifarra e pela farinha de mandioca.  Aplicação na cozinha do método socrático, de conduzir as pessoas a elaborar suas próprias ideias e conceitos.

Parece, mas só parece, não estou seguro disso, que a combinação de joelho de porco (olha o porco ai de novo, gente!)  com rabanete em conserva conduz ao mesmo estado socrático, assim como lascas de bacalhau com o bacalhau em postas. Nesse último caso é o que eles chamam aqui de “cozinha mar y mar”. Há que se conferir isso.

Essa mesma expressão tem outro significado em Osório, Santa Maria e Soledade, no RS. Lá “mar y mar” significa, por exemplo, que alguma coisa que se começou e deixou de lado é alguma coisa que mar e mar teve começo e já acabou. Essa expressão se usa muito em caso de namoros.

No caso de Soledade a explicação para o uso de uma expressão catalã no dia-a-dia das conversas soledadianas, é que a cidade deve seu nome à palavra espanhola “soledad”, pois os primeiros colonizadores eram espanhóis da Cataluña: ai ficou a cultura. Nas outras cidades deve ser imitação mesmo.   

O que não fica claro nessa história toda é como o Gabo chegou lá para escrever o “100 anos de Soledade”; dizem que ele é um filho ilustre da cidade e que o livro comemora o centenário do município.  E também não fica nada claro (como se vê: sou um manancial de incertezas e dúvidas) qual a relação entre botifarra, farinha de mandioca, soledade e o Gabo.

Como se disse acima, cada um pode pensar o que quiser.  Ou como dizia Fernandes, o Millor, "Livre pensar é só pensar".
  
Bom proveito!




A botifarra não aparece na foto; tivemos alguns problemas em acordar os direitos de imagem. Quando
isso estiver acertado, a botifarra aparecerá.

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