Sábado. Julia foi para uma excursâo / acampamento. Saiu de Bellaterra e foi para o monte Montserrat. Aliás, acho que dizer “monte Montserrat” é redundancia, mas vai assim mesmo. Esse local é mágico naEspanha: ao menos por ser o responsável pela metade dos nomes femininos - as Montses. A outra metade são as Marias. A outra metade é composta pelos outros nomes. A Espanha é célebre por tudo aqui ter 3 metades.
No sábado à noite preparei uma
carne com massa, para mim e Ana Paula. Dizendo assim, revelo uma faceta de
minha personalidade que até então estava oculta: a modéstia. Não foi SÓ uma
carne com massa: foi isso e mais que isso, se consigo explicar. Seja o que for
não gostei. Tenho a Sindrome da Paulina, e por isso quase tudo que cozinho não
está bem.
Domingo a tarde Julia voltou,
exausta. Na véspera, dormiu em uma quadra poli-esportiva, na arquibancada, e
caminhou muito essa manhã; subiu o Montserrat. Como estavamos com um sentimento
de culpa por ter feito o jantar de ontem sem ela, resolvi(emos) (melhor: fui
resolvido) a repetir o prato. Assim, tipo “melhores momentos”.
Eis ai:
1º - Fritei em uma grande
frigideira (só usei ela para quase tudo) alho em laminas em um fiapo de oleo.
Quando douradas, reservei.
2º - Idem para cubos de jamon.
Reservei.
3º - Idem para brocolis em
pedaços, com pouco caule. Reservei.
4º - Idem para cebola roxa em
fatias largas, que deixei na frigideira.
5º - Bati, com o batedor que era
de minha mãe, os bifes que Ana Paula comprou já fatiados no super. Ficaram bem
finos. Temperei com sal, molho ingles e pimenta preta moida na hora. Deixei de
lado, me olhando. (A Cris, nossa gata, ficou olhando para eles tambem, e eu
olhando a Cris: um triangulo de amor e desconfiaça; para pessoas que um dia viveram
um amor, grande,médio ou mesmo pequeno, nada de novo nesse sentimento).
6º - Na água fervendo (como?
apareceu agora, assim do nada? assim: em outra panela, coloquei água para
ferver) coloquei uma massa fresca: fetutine.
Quando ficou um pouco antes do al dente,
escorri a água e coloquei azeite de oliva. Acrescentei o alho, o jamon e o
brocolis, e tapei. As vezes, esqueço de mencionar o sal e outros ingredientes
que dão sabor (pimenta, pimentão em pó) mas quando isso ocorrer fica
sub-entendido entre as partes que eles estão presentes. Agora: nunca abusar do
sal. A la una: porque faz mal para a saúde; a la duna: porque por se for
preciso é fácil colocar em qualquer momento e se houver muito, retirar é
impossível; a la trina: esqueci.....
7º - Na frigeira onde estavam as
cebolas douradas, juntei laminas de champignon Paris, com um molhe de tomate
caseiro. Coloquei um copo de água quente
e vinho a gosto (inevitável: não é a marca do vinho - Agosto - e nem o mes em que foi colocado;
essa piada é nova!). Temperei com sal. Não deixei cozinhar muito para que os
champignons ficassem ternos, sem passar. É o ponto do amor: terno mas quando
passa, passa.
8ª – Quando começou meio que ferver,
acrescentei meio copo de água em que desmanchei meia colher de sopa de farinha
de trigo: para engrossar (Porque tudo meio? O "caminho do meio" corresponde
à quarta nobre verdade do budismo e é baseado na moderação e na harmonia, sem
cair em extremos. Assim, cuidado com os exageros: se por muita farinha,
fica grosso demais. Hoje acertei a quantidade. Após: reservei.
9º - Na mesma frigideira espalhei
um pouco de açucar e de canela e fritei os bifes, sem nada de óleo. Quando
douraram de um lado, esperei um pouco -
nada mais do que um pouco - virei os bifes e logo acrescentei o molho com
cebola e champignon.
10º - Quando comecei a fritar os
bifes, acendi o fogo – brando - da panela com massa.
Pronto. Montei os pratos com a
carne e a massa; por cima da carne um pouco de salsinha picada. Esqueci-me do
pimentão vermelho que, se tivesse fritado em fatias finas, daria uma cor
especial tanto à carne como a massa. Nota do Revisor: Da outra vez, lembrar-se
do pimentão vermelho.
Servir e ficar esperando os
elogios.
Vinho que acompanhou: um Borsao
Tinto Selecion 2012. Custa € 4,25. O membro mais famoso da familia é o de 2011,
que nas palavras de Robert Parker, é “Posiblemente el mejor vino tinto del mundo
por su relación calidad precio”,
e lhe deu 90 pontos. Pessoalmente, não acredito que Parker tenha dito isso,
assim, em espanhol; se o disse, foi em inglês, I suppose... Comprei o 2012
pois não encontrei na Europa o 2011 para vender. É um garnacha nada de
mais.
Hum so de ler sinto agua na boca. Estou esperando pelo desenrolar da cronica, depois de servir e esperar os elogios .... ????
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