Fria
madrugada, revi na TV daqui a “Laranja mecânica” do mestre Kubrick.
Num
futuro indefinido, Alex (Malcolm
McDowell), líder de uma gangue de delinquentes que matam, roubam e estupram, invade uma residência onde mora um
escritor.
As cenas
dessa invasão iniciam com imagem de uma placa na entrada da residência: “Home”.
“Home”
significa casa ou lar. E essas palavras
não são sinônimos. Casa abriga; lar abriga e acolhe. Como conceituar
“acolhe”? Minha leitora, por favor, abrace-se; sim, isso mesmo: abrace-se.
Nesse momento você está se acolhendo. Se outras pessoas te abraçarem pode ser
que elas te estejam acolhendo também.
Existem
palavras que se definem por gestos: essa é uma delas. Lembro de minha mãe definindo “fofo”: ela fazia assim
com a mão, isso mesmo, minha leitora. Assim mesmo: “fofo” é definido pelo
visual da mão.
Mas
não era isso que eu queria falar...
A “home” invadida pelo Alex e sua gangue era um
lar; depois que ele se foi virou uma casa.
Fiquei
pensando depois, na pós-madrugada: quantos
“Alex” nos invadem e transformam nosso lar em casa.... Ou pior: quantos
vezes nos somos esses “Alex” para fazer a cruel transformação?
Muito bom ler o que escreveste. Pqp, estou num momento de revisão de onde quero morar, seguir nesta casa ou de fato me dar um lar (só pra mim)? Oh, duras desilusões que nos impulsionam a continuar a buscar la dolce vita...
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