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Por Ana Paula Kwitko

terça-feira, 10 de julho de 2012

UM CAIPIRA EM BARCELONA - Por Airton Kwitko

Não me considero caipira (ou ao menos: acho que não sou, sem certeza de nada) e vivo nas cercanias de Barcelona, há uns 25 minutos de trem do centro dela. Com isso, uma parte do titulo é verdade (Barcelona, etc); a outra discutível (caipira). Mas vamos lá...
Era uma vez um dia em que depois do café levei Julia ao clube – atividades de férias, para crianças – fui fazer musculação na academia, tomei banho (antes que me julguem mal: tomo todo dia; o diferente desse é que foi na academia), troquei de roupa, atravessei a rua do centro de Bellaterra – pueblo onde vivemos, que só tem uma rua no centro (por isso a rua “do” centro e não a rua “no” centro) - peguei o trem para Barcelona e após 25 minutos de viagem – entre uma e outra cochilada – desci em plena Plaza Catalunya, coração da cidade.
Subir as escadas da estação e sair em plena Rambla Barcelona foi como subir as escadas de um túnel vindo do vestiário de um Maracanã em dia de Fla-Flu (como jogador, claro!). Pisar na calçada foi uma sensação de: sou daqui, moro aqui. Para ter uma justificativa da ida disse que ia ao mercado público que está em plena Rambla. Não comprei nada pois é tudo caro: preços para turistas, não para mim (uau! que frase! Nunca pensei que fosse um dia dizer isso).
Saí do mercado, caminhei por ruas antigas, casas velhas com sacadas, pessoas de falas complicadas e sentei em um bar de esquina para tomar umas cervejas de barril, e comer umas tapas. De um lado, casal de americanos; de outro, casal de franceses. No meio deles, um brasileiro, de Passo Fundo, em Barcelona.
Aí – e agora, sim – me senti um caipira, olhando para cima, espantado onde estava sem acreditar que moramos onde moramos, grato a Ana Paula pela sua coragem cigana que é quase uma saudável insanidade (existe isso?), e que com todas essas qualidades nos trouxe para cá. Diga-se de passagem: nosotros (em bom portunhol) também ligeiramente insanos.
Naquele momento, embriagado pelas cervejas e pela consciência do tempo e lugar, sob um céu azul de brigadeiro, eu até compraria uma sacada ou duas, se me oferecessem, como bom caipira em uma cidade grande. Diga-se a bem da verdade, que, como bom judeu iria tentar comprar duas pelo preço de uma. Em euros, por supuesto.


4 comentários:

  1. Airton
    Muito legal, viajei contigo neste passeio pelo velho mundo, com os olhos de quem já faz parte dele. Uma delícia de ler. Beijos

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  2. Amei ler! Conta mais....(esperando)!Bjs

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  3. NUMA ESQUINA DE ROMA, VI O MUNDO PASSAR A MINHA FRENTE..... TÃO FORTE, TÃO FORTE... QUE A GENTE CAI E PIRA !!!!!

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  4. Que fascinante as descobertas desse novo mundo. Amados Airton, Aninha e Julia, e preciso olhos para ver, e sentir tudo isso, aproveitem bem a terra, abraco grande

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