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Por Ana Paula Kwitko

quinta-feira, 25 de março de 2010

Um figurino para ser julgado


Honestamente não quero dar voz à loucura midiática do "Caso Isabella Nardoni", mas hoje, ao ler a Folha de SP, uma pequena nota na página C4 chamou minha atenção e se impôs a repulsa que sinto por este espetaculoso caso. Depois de o jornal discorrer exaustivamente sobre as inúmeras possibilidades do julgamento, comenta sobre “As estratégias de imagem” que os consultores do casal acusado indicam para a ocasião. Falam em Óculos para Alexandre, pois “atenua a força física e passa cultura e intelectualidade”, cabelos presos para a Jatobá, pois “mostra resguardo e respeito”, roupas claras para o casal para "atenuar a imagem".
A questão que se coloca aqui não é, em absoluto, o julgamento, o fato em si, mas a importância do vestuário em toda e qualquer situação, inclusive nas mórbidas.
De acordo com Roland Barthes, no livro “Elementos de semiologia”, a reflexão semiológica das imagens do vestuário é de suma importância para entendermos um pouco mais nossa comunicação, uma vez que elas se configuram como um objeto significante "poderoso" dentro do nosso contexto social. A semiologia, em linhas gerais, é a ciência que se ocupa do estudo de todo e qualquer signo social, entre estes o vestuário. E, cá pra nós, as roupas constituem códigos sociais incontestáveis.
Pensando no “Show” que se montou em torno do caso “Isabella Nardoni”, nada mais adequado do que pensar num “figurino” assertivo para responder à demanda desta trama cruel e sádica que nós assistimos na paz dos nossos sofás.
Falando nisso, preciso mudar de roupa, pois tenho uma banca de mestrado para assistir agora. Vou tirar meus confortáveis chinelos e roupão, e colocar aquele vestido preto que me confere "sobriedade e capricho" rárárá...

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