Estou em São Paulo.
Tenho consciência de que esse meu textículo vai despertar iras e ranger de dentes. Estou tranquilo ao escrever, tal qual um João do Arco (tradução e adaptação ao masculino da Joana), como um monge budista depois do almoço, ou igual ao cordeiro que vai para a cruz, e ainda.....
Tenho consciência de que esse meu textículo vai despertar iras e ranger de dentes. Estou tranquilo ao escrever, tal qual um João do Arco (tradução e adaptação ao masculino da Joana), como um monge budista depois do almoço, ou igual ao cordeiro que vai para a cruz, e ainda.....
“Chega,
chega!!!!!”, minha leitora vociferou (esperei uns 12 anos para escrever essa
palavra). “Aos fatos, fatos, fatos....!!!”.
Atendendo
aos gentis pedidos: aos fatos.
FATO 1:
Vera,
diarista de nossa amiga, mora em uma casinha perto do futuro estádio do "Curintia". Vai ser desapropriada para que uma avenida que leva ao estádio seja
ampliada. A casa dela foi construída com esforço, suor, lágrimas, dedicação e
vou ficar por aqui antes de outra vociferação da leitora. Com o valor que a "Prefa" daqui vai “pagar” pela casa, Vera não compra outra igual e nem no mesmo
lugar: vai para mais longe.
Tudo em nome
do esporte, diga-se. Afinal, no estádio irá ocorrer a partida de abertura da
Copa, e nesse dia os gringos devem ver uma paisagem bonita, a imagem do país,
nossa política externa, o...(parei: minha leitora bufou).
Agora, em
nome do esporte, diga-se um cacete: em nome da grana, bufunfa, bolada, milho,
suborno, e por ai vai... que os caras que praticam esse esporte (ou seus
clones passados e futuros) adoram fazer para encher os bolsos. Dali sai o
“azeite”.
Para isso
existe dinheiro.
FATO 2:
Na Sexta da Paixão fui da Bela Vista para a Liberdade. Gente!!!! Impressionante o que tem
de pessoas deitadas pelas calçadas, marquises, vãos, desvios, becos. Sobre
papelões ou colchões velhos, até mesmo sobre nada, ali, deitados, dormindo,
olhando o coisa nenhuma das pernas que passam ao largo, essas sim sem olhar
para baixo, para ver onde andam os irmãos de fé.
Irmãos de fé,
pois certamente são ou foram, para ficar só no cristianismo: católicos,
protestantes, espíritas, adventistas, rosa-cruzes, ortodoxos, mórmons (retirei
a lista do Google).
Cristo
morreu na cruz para salvar cristãos, exatamente de que eu não sei. Mas pelo que
vi esses não foram salvos.
Talvez seus
pecados sejam muito grandes e os salvadores não tenham autonomia para resolver
por conta própria, e necessitam requerer o ato de salvação, a ser protocolado
em três vias, e até que a resposta chegue, demora. Burocracia, mas necessária
para que tudo seja bem feito e documentado. Afinal: tudo em nome da salvação.
Ou então tem
muito pecador por ai, e sabe cumé, os salvadores são poucos, não conseguem
atender a todos, e ainda em São Paulo é tudo muito difícil de chegar, o
transito uma merda, tem o rodízio de carros, não trabalham fora do horário pois
a hora extra foi cortada (junto com o café: contenção de despesas, alegam).
Ou esses
insalvos carregam pecados de vidas passadas? Quem sabe são Exus travestidos de
pessoas que não querem ser salvos, e deleitam-se com as orgias do inferno,
cheias de ninfas devassas? Ou então agitadores
profissionais que querem desestabilizar o governo eleito pelo povo, para
dirigir o povo? Monarquistas, quem sabe? Comunistas (ainda existe!)? Atores
globais fazendo laboratório para a próxima novela das 7?
Chego a
pensar que não são cristãos: quem sabe judeus, islamitas, brâmanes, xintoístas,
pastafarianos? Para esses ninguém morreu para salvá-los. Só eles morreram
perseguidos, mas essa é outra história.
FATO 3:
Não existe
fato 3. O que há é um país insano, inconsequente, imbecil e irreal; país do
faz-de-conta: finjo que governo, finges que és governado.
Nessa Sexta
da Paixão, quem tem e pôde foi para sua casa na praia ou no condomínio fechado,
aqui perto, aonde chegou depois de umas 3 horas de estrada congestionada. Tem a
volta, mas essa também é outra história.
Quem não tem
ou não pode, ficou por aqui mesmo. Alguns foram dormir nas ruas, para “aperciá
os movimento”; ao menos não enfrentaram as estradas engarrafadas, não pagaram
nenhum pedágio, nada.
É: nada
mesmo! Deve ser essa a explicação para o que eu vi nessa sexta.
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