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Por Ana Paula Kwitko

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Passado inglório.

Assistir os filmes do Tarantino nunca foi tarefa fácil pra mim. Lembro até hoje da primeira vez que vi Pulp Fiction, no apartamento que eu morava em Balneário Camboriú. Assisti eu e mais uns dez colegas malucos da faculdade. Tive que segurar a minha onda para não dar vexame, mas minha vontade, desde as primeiras cenas, foi de sair correndo daquela doidera toda, principalmente quando a turma batia palma e urrava de excitação com as cenas sanguinárias. Foi apartir daquele dia que criei a certeza que não gosto do gênero e que passaria o resto da vida assistindo melodramas e romances adocicados.
Acontece que ontem, tomada de muita coragem, resolvi 'rever meus conceitos' e arrastei meu marido para assistir Bastardos Inglórios, que foi lançado em outubro do ano passado aqui no Brasil.
Como quase todos sabem, os "Bastardos" são soldados judeus americanos que têm a missão de exterminar os oficiais nazistas na Segunda Guerra. Confesso que a sinopse do filme foi um grande chamariz para mim, ver os nazistas se dando mal é muito sedutor ...
Eu sabia que veria muito sangue, já estava preparada pras loucuras juvenis do diretor. O que eu não esperava era encontrar um Tarantino tão deliciosamente debochado, que mescla linguagens e divide gêneros com uma maestria impecável.
Para mim, pouco importa a crítica dos ditos entendidos, dos cinéfilos chatos e pedantes.
Amei, ou melhor, amamos o filme!! Fiquei tensa do princípio ao fim, não relaxei um segundo, em alguns momentos pensei que não ia suportar tanta piração, mas ainda assim, o filme é bárbaro. E, para meu espanto maior, praticamente esqueci de analisar o figurino.
Ver o Hitler ser alvejado por balas na cara foi impagável.
Talvez seja esta a única forma possível de se exorcizar um passado tão inglório como o dos judeus que foram dizimados numa história nada fictícia. O cinema tem dessas coisas de nos fazer sonhar e, por algumas horas, viver um outro mundo: o de seres e humanos.
Quentin Tarantino, valeu a tua arte!

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