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Por Ana Paula Kwitko

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Lhamas loucas, por Lea Kelbert ¹


"Conheço meia dúzia de amigas que quando ficam furiosas cospem que nem lhamas. Tá bem, não são seis são só três. Eu prefiro chutar portas, falar palavrões ou algo assim. Desconto em objetos ou no ar minha raiva quando não encontro as chaves do carro. Não estou com tanta pressa assim, mas o fato de lembrar que esqueci mais uma vez de colocar as chaves em em lugar razoável- sempre o mesmo – me desespera. E me desespera porque já não tenho mais conserto. São 47 anos e 30 desde que passei a ter as chaves da casa que isto acontece. Poderia fazer uma pesquisa pra saber quantas lhamas loucas têm por aí e quantas insistem em colocar as chaves num lugar incerto. Seja qualquer uma destas espécies irracionais, o sentido do estudo não está em localizar as chaves ou resolver os problemas das lhamas. Aliás, não há sentido pra loucura, embora muitos estudem pra isto. Se soubessem a etiologia da doideira plena, saberiam também a origem da normalidade. O que seria um bom avanço. Saúde e doença são tão incompreensíveis quanto saber se a lhama cospe porque tem raiva ou saliva demais quando não consegue resolver um problema. Ei, lhamas têm problemas? "
1. Assistente Social e Psicóloga
Autora do livro "Guerrilheira do amor"

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